31 janeiro, 2006

Hert levantou um pau de marmeleiro. O pau de marmeleiro mais direito, ele nunca tinha visto.
Com uma voz imponente, daquelas que fazem abanar tudo o que é pilar e parede.
“Calem-se! E sentem-se!” toda a gente obedeceu às suas ordens. “Só dois de vocês vão ser
Uualis, o resto vai continuar a ser Mëurit. Só com grande esforço é que esta estatística pode subir.”
O burburinho é geral.
“Isso, olhem para o vosso lado, podem estar a olhar para um futuro Uuali ou para um Mëurit. Ser Mëurit não quer dizer que sejam falhados, apenas são talhados para o serem.”

30 janeiro, 2006

Lá foi ele a arrastar os pés, cabisbaixo. Por cada meia dúzia de passos que dava, olhava uma vez para trás. Parecia que era a última vez que iria ver a mãe ou que ia para o corredor da morte.
A mãe faz um gesto com a mão em sinal de seguir em frente, para lhe dar força.
"Não sei o que deu àquele rapaz, parece que não está a gostar da ideia de ser Mëurit." diz olhando para a Aisha "Lembro-me que, quando fiz estas provas, foi um dos melhores dias para mim."
Aisha retorce e rodopia os olhos "Sim, sim, quando eu fiz as provas rasguei as meias." diz entre dentes.
"Olha Aisha, quando fiz a prova do Cume da Árvore até rasguei as meias." E desata-se a rir como uma perdida, enquanto Aisha continuava a retorcer e rodopiar os olhos.

29 janeiro, 2006

Ele não foi atrás deles, mesmo desprezando os conselhos do pequeno caracol que insistia para que ele ainda não fosse à procura de sua mãe. Cego por querer ir ter com a mãe, Rafael não ligou nenhuma.
“Onde vais Rafael? Então não vais pa…” disse a Mini, mas como ele ia a correr, mesmo olhando para trás não conseguiu ouvir o resto da frase.
“Para o Pavilhão de Cristal, para Hert ver que animais e plantas os Mëurits têm.” vindo da voz do fundo da bolsa de lã, Schmmli completou a frase inacabada de Mini.
“Não quero saber, só quero ver a minha mãe.”
“Mas devias querer saber.”
“Cala-te!” aí estava ela “Mãe!”

28 janeiro, 2006

“Vamos fazer deste Mëurit o maior Uuali do mundo!” Petless abana-se toda e diz, contente e esperançoso, “Eu gosto dele. Mesmo que me tenha acordado.”
Schmmli entra e sai rapidamente da sua casca, consigo traz uma bolsa de lã forrada a caxemira, um pouco maior que ele, e entrega-a a Rafael.
“É para tu me transportares mais facilmente para todo o lado.”
Rafael pega na bolsa. Pega em Schmmli e coloca-o dentro da mesma.
“Petless, tu estás sempre aqui ao meu dispor, certo?” diz Rafael já a pensar só na mãe.
”Sim” diz muito secamente Petless.
Rafael vira as costas e leva a bolsa na mão à procura da mãe.

27 janeiro, 2006

Rafael com ar meio indignado, pois Petless primeiro tinha-lhe dado com o ramo na boca e agora está toda simpática.
"Eu é que faço a pergunta ao contrário. O que é que tu podes fazer por mim? Ou porque é que eu preciso de uma planta? Ou mesmo de um caracol?"
Os dois seres olham para ele e começam a refilar não se percebendo o que estavam a dizer, pois estavam os dois aos berros e a falar ao mesmo tempo.
"Esperem!" gritou Rafael para os calar. Depois de calados continuou "Fale um de cada vez e sem ser aos berros. Esta pergunta não era para vos deitar abaixo. Era só para perceber para que preciso de vocês."
A planta mais expedita responde "Tu precisa de mim para quando está mais em baixo para te vires confessar e para tirares dúvidas sobre a tua condição nova."
Petless dá a palavra ao Schmmli, inclinando-se para ele.

26 janeiro, 2006

"Tu sabes que isso requer muitos anos de prática, mas posso te ensinar um método básico de leitura de pensamentos. Não consegues ler tudo e por vezes é incoerente."
"Então deixa estar. Só quero que o Sol se ponha para falar com a plantinha, e se quer vir connosco venha. Quero ir ter com a minha mãe."
Rafael coloca a cabeça entre as pernas e fecha os olhos. Schmmli desliza da mão dele e fica entre os dois pés.
"Não falta quase nada para o Sol se pôr."
Mal acaba de falar, o Sol "cai" a pique para o horizonte pelo meio de duas grandes sequóias.
"Então, já estás mais calado?" diz a planta enquanto se espreguiça e se sacode.

25 janeiro, 2006

Assim o fizeram, quando já sentados Rafael começou a contar como tinha sido estranho o seu dia começando com o café com a mãe, passando pela perseguição do Jupel, entrando na Floresta de Wrelang e agora estar a falar com um caracol e ter estado a falar com uma árvore. “Isso é bastante normal.” responde o Schmmli. “O que é que vamos fazer mais?” pergunta Rafael muito curioso. “Não faço a mínima ideia, já estou há muito tempo à espera do meu Mëurit. Tu.” diz com um discreto sorriso nos lábios.
A mãe tinha ficado a falar com a Aisha. Ela muito ansiosa com medo que o filho falhe em alguma coisa. “Será que a esta altura ele já encontrou a sua planta?” “Vocês, Mëurits, são todos ansiosos, têm de ter mais calma, é por isso que nunca hão-de ser Uuali.” Gertrudes nem ouviu e tentava ver, impossivelmente, o seu filho querido.

24 janeiro, 2006

"Tens uma piada louca." disse Schmmli com desprezo sem olhar para ele. Rafael começou a rir e o riso cada vez mais alto.
"Olha, caracolinho, tu és…" entretanto uma ramada de uma planta lazúli, como um chicote, bate-lhe na boca com toda a força, deixando-lhe o canto da boca a sangrar um bocado.
"Estás a fazer muito barulho. Nós precisamos de dormir."
Schmmli ia começar a rir mas de imediato falou.
"E ele precisa de ti!"
O ser lazúli ergue-se dos seus dois centímetros até a uma altura de quase quatro metros, baixando-se dizendo ao ouvido de Rafael.
"Eu sou uma planta noctívaga, portanto volta ao anoitecer e aí falamos." Enquanto baixava para a sua minúscula altura disse "Traz também o Schmmli e limpa essa boca." e num instante fecha o olho e adormece.

23 janeiro, 2006

“Vieste em boa altura, vais-me ajudar a procurar a minha planta. Boa?”
Rafael todo animado pega no caracol com a mão e todo contente começa à procura da planta.
“Ouve lá, ó Mëurit aluado, sabes de que é que andas à procura?” dando um berro para o chamar à Terra.
E Rafael responde de imediato
“Da minha planta.”
Schmmli com uma voz mais calma volta a perguntar.
“Sabes qual o aspecto da tua planta?”
Rafael pára de imediato e começa a perguntar-se como é que…
“… é o aspecto da tua planta?” Schmmli acaba a frase pensada por Rafael.
“Não sei, mas sei que me vais ajudar.” Diz baixinho. “Sim?”

22 janeiro, 2006

Rafael não andou muito até descobrir o seu animal, o caracol, pensou de imediato "Mas se eu corro que nem um leopardo, como é que o meu animal é o caracol."
"Como eu estava à espera." diz Hert nas costas de Rafael. "E tu deves estar a pensar que tu corres como um leopardo, como é que o teu animal é o caracol? Certo?"
E vem de Rafael um sim muito admirado e baixo.
"É que eu leio os pensamentos de outros." e pisca o olho "E o caracol por ser um animal lento dá-te algum atrito e reflexão em pensamentos rápidos."
Rafael explora mais a floresta até que ouve Hert a dizer que todos os Mëurits têm três horas para explorar a floresta.

21 janeiro, 2006

Muitos tiros depois, um a um foram largando a zagua e começaram a atirar com a besta. Rafael reparou que durante o exercício a rapariga que aparentava ter três anos era exímia na arte do tiro.
O exercício acabava para toda a gente. E todos seguiram o orientador, que nas costas tinha o seu nome com letras góticas: Hert.
"De onde vieste?" Rafael pergunta à rapariga.
"Sou tua vizinha, só que tu não deves ter reparado porque só há pouco tempo larguei o carrinho de bebé. Chamo-me Mini."
Rafael ri-se e comenta "É pelo teu tamanho que tens essa alcunha?" e desata-se a rir.
Mini olha para ele com um ar muito sério.

20 janeiro, 2006

"Eu tenho uma dúvida." diz Rafael "Eu não sei o que é uma zagua."
Quem os estava a orientar returque muito seco.
"Ó Mëurit, pega na zagua." Faz uma pausa para que Rafael pegue nela. "Já sabes como se utiliza. Ainda bem." Foi de imediato, mal Rafael pegou na zagua parecia que já a tinha utilizado. "Só tens que acertar no centro. Mais alguma dúvida? Peguem nos instrumentos. Podem disparar à-vontade até ficarem sem munições."
A rapariga que aparentava ter três anos pegou primeiro na besta e a voz do orientador volta a levantar-se.
"Primeiro a zagua!"
Larga de imediato a besta e pega na zagua.
"Disparem. Já!"
Quando os paus de mogno saíam das zaguas libertavam um odor muito mau, mas os arcos ovais que formavam à saída eram dignos de um um grande espectáculo.
"Eu disse para acertarem no meio!" lá está aquele orientador a gritar.

19 janeiro, 2006

"Mas se eu corro rápido porque é que eu não o hei-de fazer?" defende-se Rafael.
Aisha mais calma explica "Não fizeste mal em correr rápido, mas para a próxima tenta dar um pouco de espectáculo. Não estou a dizer que não foi espectacular, mas podias ter abrandado no obstáculo de fogo, dá sempre uma imagem bonita se fores inteligente."
"Vai Rafael, que eles já acabaram a corrida." disse a mãe confiante "Acho que a seguir é o tiro com a besta e com uma zagua."
Rafael afastara-se enquanto as duas falavam entre si.
"A zagua no meu tempo era à noite, surtia efeitos mais engraçados." diz a anciã.
"Outros tempos, outros tempos." diz com saudade Gertrudes.

18 janeiro, 2006

Os risos começam a dissipar-se, o juiz da partida com um ar sério levanta a pistola e conta até três. E todos os participantes começam a correr. Rafael toma a dianteira e o mais extraordinário é que o resto dos participantes ainda não tinham chegado a meio da primeira volta, já ele tinha dado uma volta de avanço. Ele termina as 20 voltas e sem tropeçar nos 50 obstáculos espalhados pela pista. O público entrou em êxtase.
A mãe e a velha estavam boquiabertas com a velocidade. Enquanto Rafael se aproximava das duas bocas abertas, a velha tirou do cinto um odre, que continha um líquido escarlate muito refrescante. Mas ele não estava com sede.
"Então, portei-me bem?" enquanto perguntava virava-se para a pista e via os outros concorrentes ainda a correr.

17 janeiro, 2006

"Tu és o meu Uuali, que me vais orientar?"
"Vou-te orientar mas é nas provas. Sou uma Uuali mas não sou a tua, eu já tenho um meu Mëurit. Isso tens de escolher em Março na convenção."
"Ah pois é, já me tinha esquecido."
A velha muito despachada disse "Pois, pois, vamos lá a ver como é que te safas na pista de corrida."
"O que é que eu tenho de fazer?" pergunta Rafael muito curioso.
"Tens 50 obstáculos, em que nove deles estão escondidos e tens de dar 20 voltas e eu estarei a contar o tempo."
Ia começar uma corrida de teste dali a cinco minutos.
"Vou agora?" diz o ancioso jovem Mëurit.

16 janeiro, 2006

Chegaram a uma espécie de estádio com relvado, pista de tartã com barreiras. Tudo muito igual a um digno estádio dos jogos olímpicos, mas com material que Rafael nunca tinha visto.
"E há mais complexos desportivos barra de testes."
"O que é que viemos aqui fazer?"
No entanto aproxima-se uma senhora muito velhota e responde.
"Vieste fazer provas às tuas capacidades especiais. Eu sou o teu Uuali. Vamos lá ver o que vales Rafael." e ri-se com olhares para a mãe. "O que achas Gertrudes? Ele aguenta?"

15 janeiro, 2006

Foi imediatamente à procura do seu filho pela loja, quando se lembrou que talvez se tivesse escapado pela passagem secreta. Chegada à porta da passagem secreta reparou que tinha sido aberta. Entrou e caminhou até ao encontro de Rafael, virou à esquerda como lhe tinha dito mas reparou que ele se tinha enganado e tinha ido em frente mas depois voltou para trás.
A luz vermelha da sala cada vez era mais forte até que o encontrou.
"Mãe!" com as lágrimas nos olhos abraçou-a.
"Estás bem?"
"Sim, pensava que me tinhas abandonado."
"Nunca."

14 janeiro, 2006

"A D. Odete disse que tinha de ficar à espera numa sala, mas eu agora estou no meio da savana." pensou alto enquanto se decidia o que fazer. Decidiu voltar atrás para ver se não se tinha enganado. Verificou que sim, porque no fim do corredor grande havia uma porta muito pequena, que com umas letras antigas dizia "Mëurits Rooms", entrou por aí.
Entretanto a mãe aparece no fim da rua e vê o Jupel a sair da loja da D. Odete e guardara o sabre nas costas, ela de imediato se esconde atrás de um carro. O Jupel olha para um lado e para o outro e segue o seu caminho como nada tivesse acontecido.

13 janeiro, 2006

"Eu não sabia que a D. Odete também…"
D. Odete sabendo que quando vêm ter com ela é porque estão em risco de ser apanhado diz "Cala-te meu rapaz e segue-me."
Dizendo isso, encosta a porta e dirige-se para os congelados. Coloca a temperatura a 10ºC abrindo-se um buraco na parede, junto ao chão.
"Vá, anda, esconde-te aí. Segue o túnel até ao fim. Aí encontras uma sala. Senta em silêncio que a Gertrudes já vai ter contigo."
Quando se está a dirigir para reabrir a loja encontra o Jupel a dobrar a esquina e de imediato lhe crava o sabre no meio do peito e eleva o corpo da D. Odete. Dá um esticão para cima e o corpo liquidifica-se.

12 janeiro, 2006

Possivelmente era devido a ser um Mëurit especial, e teria alguns poderes especiais. Esse era um deles, correr mais rápido que a luz e cortar o vento como fosse uma faca muito afiada.
De repente os riscos horizontais que ele vira iam desaparecendo e a imagem lateral era mais nítida, tal como a frontal.
Vira-se de frente à mercearia da D. Odete e já não havia sinal de Jupel. Para aparentar calma colocou as mãos nos bolsos. Dentro de um dos bolsos estava um papel dobrado em quatro. Desembrulhou-o e esta escrito "Entra na mercearia. Pergunta à D. Odete pelo Peter Wong. Ela é uma das nossas. Ass.: Mãe."

11 janeiro, 2006

"Mas, ó mãe, então…"
"Shiu cala-te." diz a mãe em surdina, pois estava a passa à frente deles um Jupel. "Então mas a professora não te disse nada em relação àquele trabalho de fotografia aos sem-abrigos?" tentando disfarçar com outra conversa.
"O quê mãe? De que é que estás a falar?" não estando a acompanhar o raciocínio da mãe que mudara de conversa.
O Jupel olha fixamente para eles por uns instantes e quando se apercebe que são Mëurits mesmo à mão de exterminar saca de um sabre com lâmina de serrilha e, junto ao cabo, duas setas saídas com um veneno que os mataria num instante.
"Corre para aquele lado, ele é um Jupel, encontramo-nos onde compraste as cebolas."
Correm os dois desalmados, mas o Jupel decide ir atrás de Rafael, pois vê nele grande fraqueza.

10 janeiro, 2006

"Então neste caso eu sou um Mëurit e tu és um Uualis?" retruque Rafael pensado que estava a entrar no esquema dos seus laços familiares.
"Não. Nós os dois somos Mëurits. Eu já tenho o meu Uualis e tu tens que encontrar o teu Uuali."
"Mas tu disseste que nós estamos unidos? Pensei que tu fosses o meu Uualis. E como é que eu sei quem é Uualis?" pergunta Rafael já muito atrapalhado por não ter ninguém para o guiar.
"Estamos unidos porque eu te dei à luz. És um caso raro de Mëurit e precisas de um Uualis muito experiente. Vamos conhecer uns tantos em Março, quando houver a convenção bianual de Wuual, onde estaram reunidos todos os da nossa espécie."

09 janeiro, 2006

Rafael já parecia mais confortável com a ideia e perguntou.
"Mas eu sou um herói da banda desenhada?" já excitado com a ideia diz. "E posso dizer aos meus amigos?"
"Não e nem pensar." diz a mãe muito ríspida. "Tens de esconder a tua identidade secreta, pois podes sofrer consequências fatais se um dos Jupels te apanha, podem te levar e fazer experiências no teu corpo e retirar-te todo o radeï transformando-te numa estátua de pau. Que vendem como obra de arte."
Rafael fica pensativo e com medo. Lembra-se que viu uma galeria de arte com estátuas de pau .
"Ó mãe, eu passei por uma galeria..."
"Na rua das Flores em que estão expostas estátuas de pau." completa "Sim, é nessa galeria de arte que estão os que se deixaram apanhar pelos Jupels."
Agora é que Rafael está mesmo assustado e espantado com a conclusão da mãe.

08 janeiro, 2006

"Então somos o quê? Viemos de onde?
A mãe abre a mala e tira uma bolsa de plástico com um livro de banda desenhada muito antiga. Na capa está um homem com duas tranças a sair do queixo muito longas, segura uma bengala que está toda retorcida e um chapéu alto mas torto pelo uso.
"É deste que nós descendemos, Guual, um sábio que tem 1284 anos. Tem o dom da imortalidade e de nos defender dos humanos. Qualquer dia eu levo-to para o conhecer."
"Mas nós descendemos da banda desenhada?"
"Sim." disse a mãe, percebendo que Rafael não estava a perceber nada.
"Como assim?"

07 janeiro, 2006

A porta fecha-se e ouve-se a Carmelinda a reclamar pelas escadas abaixo. Só Tiago é que liga ao que ela diz e tenta acalmá-la.
Enquanto Gertrudes está com a orelha colada à porta para ouvir o que a sua cunhada ia a agoirar. Uma má frase da parte do Horácio que ao coçar o escroto, que lhe fazia comichão, disse com muita calma.
"Então quando é que se come nesta casa?"
Gertrudes fica piursa entra pela sala adentro e lembrando-se que seu filho está a dormir não grita e irada mas contida diz com muita calma.
"Meu verme, se tu não mexes esse cú do sofá para ires tomar banho, eu arranco-te isso que estás a coçar, que também já não serve para nada. Arranco-to com o sétimo alicate de pontas que tu compraste, só porque pensavas que ainda não tinhas nenhum."

06 janeiro, 2006

Gertrudes passa as mãos pela cara e responde com uma pergunta calma.
"E tu já tomaste banho? Pareces os miúdos que não querem tomar banho. Vai lá tomar o banho enquanto acabo o jantar." já estava a ir para a cozinha quando se lembrou da cunhada "Como é que está a tua irmã?"
"Ela está na sala do fundo a descansar do susto que lhe pregaste."
Por falar no diabo, ele aparece, e aos berros esclarece deitando perdigotos como era habitual quando se enervava.
"A tua irmã é uma puta, ela queria-me matar, havias de ver, quando ela me atirou a faca ela tinha os olhos raiados em sangue e queria-me acertar no coração, e o papa-açorda do meu marido não fez nada."

05 janeiro, 2006

"O que é wrëml? Nunca tinha ouvido falar disso."
Gertrudes incomodada por não saber como responder à pergunta, pois a resposta era bastante complexa.
"Filho, sabes quando tu coras e sentes uma espécie de formigueiro nos olhos? É sinal de que precisas de tomar wrëml. Que é um fruto de uma única árvore existente na Macida que está perto do largo da aldeia."
Rafael não estava a perceber nada da explicação que a mãe lhe estava a dar.
"Macida? Mas isso fica a onde? E porque é que eu tenho de comer esse fruto?"
"Meu rico filho, hoje é um mau dia para te explicar todas essas dúvidas por estar muita gente em casa, mas amanhã vamos os dois ver um filme ao Quarteto e com a companhia de um café eu vou-te esclarecer todas as dúvidas."

04 janeiro, 2006

"Como é que não me lembrei disto, já lhe devia ter falado do que se passou." pensou Gertrudes tentando estagnar a ferida com papel de roïcia, papel que brilhava um pouco como uma estrela que está a milhares e milhares de anos-luz e transparente, permitia que se visse a ferida a sarar.
"Mãe, o que é isto? Porque é que o meu sangue é azul? Que penso é esse?"
"Espera." Rafael cai redondo no chão, por ter perdido muito radeï, a sorte dele foi que o sólido 34r não saíu.

03 janeiro, 2006

Rafael quando chegou à casa-de-banho para limpar o dedo, viu um líquido azul a sair da ferida, em vez do vermelho habitual da cor do sangue. Ficou bastante assustado com isso e colocou o dedo debaixo da torneira para ver se desaparecia. O pai dele nesse momento vai para entrar dentro da casa-de-banho, mas Rafael mete a mão e o pé na porta e grita "Espera! Eu estou na casa-de-banho." quando faz isso fica uma mão azul marcada na porta.
"Gertrudes não posso ir ainda porque o teu filho está na casa-de-banho." diz ele para que ela não ouça, mas Gertrudes é tísica.
Gertrudes com os nervos, pega na faca e atira-a como se fosse deitá-la fora, mas acerta na perna da cunhada.

02 janeiro, 2006

"Vai descascar a droga das cebolas Rafael para ver se ainda jantamos hoje em vez de cearmos."
Rafael pegou na primeira faca e mal começou a cortar a cebola cortou-se. Largou de imediato a faca e foi lavar o dedo. A mãe percebeu logo o esquema e pediu:
"Ó Carmelinda, corta lá as cebolas, que ele arranja sempre uma desculpa para não me ajudar na cozinha." seguido de um grito para a sala "Ó homem, já tomaste banho?"
Ele dá um pulo do sofá pois já estava a ressonar e a babar-se e, claro, ainda não tinha tomado banho.

01 janeiro, 2006

Gertrudes pensou um bocado no que Carmelinda tinha dito e retorquiu furiosamente.
"Ah mulher tu só dizes disparates."
A porta abre e Rafael dá transpirado as cebolas à mãe.
"O que é que te fez demorar tanto tempo?"
Carmelinda continua com as mesma ideia na cabeça e observa-lhe os braços.
"Ó Rafael diz uma coisa à tia, tu andas nas drogas?"
"Cala-te!" grita a mãe em defesa do filho.